domingo, 14 de setembro de 2014

Disney e a Segunda Guerra Mundial

Nossa história está marcada por capítulos violentos, através deles podemos analisar os limites do homem, e também sua capacidade de improvisação para sobreviver. Poucas coisas são mais assustadoras do que a Segunda Guerra Mundial, foi um momento extremo, e todos estavam envolvidos de diferentes formas. A produtora Disney participou de forma bastante ativa do conflito, ela tinha o papel de educar, acalmar, divertir e doutrinar a população americana. 

Walt Disney era apaixonado por seu país, tinha enorme desejo de defendê-lo das tropas inimigas logo na Primeira Guerra Mundial, mas era menor de idade e seus planos foram frustrados. Conseguiu um posto de motorista da Cruz Vermelha em 1918, entretanto o conflito já havia acabado. Mas em 1939 ele já era um artista famoso, e colocou seu talento a serviço do Governo Americano. Sua produção a partir de então se tornou essencialmente patriótica, ou seja, os heróis de quadrinhos não foram os únicos a lutar nesta guerra, Disney também tinha enorme força e impacto significativo, principalmente no público infantil. A produtora ridicularizava os nazistas, divertindo a todos os americanos, inclusive soldados em campo de batalha. Disney mostrava o quanto os americanos eram superiores. Os artistas gráficos dos estúdios projetavam emblemas para a guerra, e até mesmo equipamento militar. O trabalho era propagar o poder americano, além disso, foram criados muitos filmes de treinamento.
Foram produzidas várias animações contra o nazismo, em Der Fuehrer’s Face (A Face de Fuehrer’s), 1943, Pato Donald é funcionário de uma fábrica de munição da Alemanha e sofre ameaças a qualquer sinal de cansaço, a personagem veste a farda nazista.





De caráter educativo foi lançado um curta, 3 minutos de duração, protagonizado por Minnie representando a típica mulher americana cuidando de sua casa, enquanto o marido, Mickey, está lutando na guerra. Ela está prestes a derramar gordura sobre a comida de Pluto quando escuta no rádio uma informação crucial para sua autoafirmação como verdadeira cidadã americana consciente, que deve proteger seu povo colaborando para a vitória estadunidense, naquele momento soube que não deveria desperdiçar gordura em sua casa, ela deveria congelar o que sobrasse e, quando enchesse um pote trocasse em um açougue identificado por um selo do governo por dinheiro. A gordura ajudaria na produção de munição. O filme apresenta desde o passo a passo do processo do congelamento da gordura e de sua entrega no açougue, até a produção e utilização da munição na destruição de um navio inimigo. A animação também contém uma rara imagem de Mickey fardado.



Em As Crianças de Hitler, Hitler’sChildren – Education for Death, 1943, é mostrada a vida de Hans, sua infância, educação e todo o caminho que percorreu até tornar-se um jovem nazista fanático. Inicialmente Disney faz uma paródia do conto de fadas A Bela Adormecida. O enredo é como o original, o príncipe, representado por Hitler, salva sua princesa, a robusta Alemanha, que no primeiro momento teme sua figura, mas instantaneamente o acolhe com satisfação. Terminada a cômica introdução dos Estúdios Disney aos Americanos sobre o domínio de Hitler sobre a Alemanha, inicia-se a história de Hans, nascido sobre o domínio nazista é doutrinado desde criança a odiar qualquer um que não fosse alemão. Em sua ingenuidade na escola é castigado por seu severo professor por defender um coelho que havia sido devorado por uma raposa na história que utilizava para ensinar seus estudantes, foi humilhado e tratado como burro por seu sentimento de pena, mas logo aprende com seus amigos espertos que o coelho merecia a morte. Ao longo da animação são exibidas cenas fortes como a substituição de um crucifixo pela suástica, da Bíblia Sagrada pelo livro de Hitler, depredação da Igreja, de obras de arte e literárias. A mensagem é clara: O Nazismo quer dominar o mundo, tirar toda a liberdade, destruir todas as artes e abduzir homens e mulheres desde sua infância através da dura doutrinação e adoração a Hitler.


O filme Vitória por meio do poder aéreo – Victory through Air Power, 1943, foi inspirado no livro do Major Alexander P. Seversky, e traz toda a história da aviação, inclusive menciona-se o nome do brasileiro Alberto Santos Dumont, logicamente atrás dos irmãos Wright. A produção tinha como proposta que a melhor arma dos Estados Unidos contra seus inimigos, principalmente contra os japoneses, era a utilização do poder dos bombardeios aéreos. O filme foi produzido antes dos ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki. Além de toda a argumentação sobre o poder aéreo, reforçado com imagens reais no meio da animação, mostra-se a expansão de Hitler pela Europa e o ataque japonês à base militar de Pearl Harbor.



Muitas produções foram criadas apoiando os Estados Unidos, educando, entretendo e de certa forma doutrinando o povo americano. Mas os investimentos estadunidenses ultrapassaram suas fronteiras chegando à América do Sul com o intuito de incluir o povo latino em seus interesses políticos e econômicos. Foram criados personagens representando a parte sul do continente, tais como o brasileiro Zé Carioca e o galo mexicano Panchito, para conquistar os países latinos e apresenta-los, de forma estereotipada, à América do Norte foi criado o filme, que conta com a participação da irmã da cantora Carmen Miranda, “Você já foi à Bahia?” – The Three Caballeros, 1944. 



A produtora Disney era o trunfo da propaganda americana, divertia, educava e ainda projetava para a Guerra. (SvenStilich, 2009) Durante o período de 1942 e 1943 foram usados mais de 62 mil metros de rolo de filme, cinco vezes mais do que em tempos de paz. O período compreendeu cerca de 68 horas de animação patriótica.
A participação dos estúdios Disney começou em 1939 com a encomenda de um logotipo para o navio de guerra U.S.S Wasp, tratava-se de uma vespa com luvas de boxe. A simpatia dos militares e da população foi alcançada com sucesso. Desde então várias encomendas foram feitas à produtora, que participou ativamente da Segunda Guerra Mundial, produzindo pôsteres, ilustrações, animações, logotipos, mascotes etc. Foram mais de 1200 peças gráficas produzidas neste período. 90% dos estúdios Disney se dedicavam exclusivamente a produzir para a Guerra. Além dos Estados Unidos outros países também convocaram os personagens Disney para seus esforços de guerra, Nova Zelândia e Inglaterra encomendaram pinturas para os narizes de seus aviões. No Canadá aquele que doava para os fundos de Guerra, ganhava um certificado ilustrado com as figuras de Mickey e Pato Donald.
Devido ao medo de espionagem os funcionários da produtora não podiam levar visitas à Disney, os estúdios eram fortemente protegidos por uma base militar. Até mesmo para escrever um recado e colar em um mural era necessário preencher um protocolo, caso fosse aprovado pela administração ele era impresso em folha padrão, tudo isso para evitar a comunicação através de códigos entre possíveis espiões.
(Ramone, Marcus, 2007) Percebendo o poder da imagem desses personagens, a Europa semeou a antipatia em seu povo produzindo uma animação onde os amados da Disney e da América destruíam a França com bombas lançadas de aviões, o pretexto era libertar o país dos alemães.
Os quadrinhos Disney tinham a função de envolver e educar o público infantil nos acontecimentos do momento. A Guerra era tratada sob o ponto de vista familiar, doméstico. Os assuntos giravam em torno da escassez, economia e era comum tratar das pequenas plantações domésticas (jardins da vitória), que era para o sustento da família e às vezes era enviado a soldados. Também eram retratadas aventuras dos personagens envoltas em muita ação e perigo. Os gibis da produtora eram proibidos nos países do Eixo.

SOUZA, Karla. Zé Carioca e a construção do estereótipo: A infografia como ferramenta didática (2012)



segunda-feira, 8 de setembro de 2014

The Sims 4


The Sims 4 foi lançado recentemente, pra mim ainda não foi possível explorá-lo 100%, mas as poucas horas que passei no jogo foram extremamente divertidas. Até então o segundo game da franquia era o meu favorito, na verdade foi o primeiro que joguei, apenas depois tive alguma experiência com o The Sims 1. Embora fosse bacana, me senti uma criança que está acostumada com os jogos super modernos, com efeitos incríveis e personagens que parecem pessoas de verdade, tendo o primeiro contato com um game do Atari - não que The Sims 2 fosse super realista, mas já era mais atraente. Ou seja, o jogo não me prendeu tanto. O terceiro cheguei a abrir, mas não tive a menor paciência de descobrir como as coisas funcionavam, conheço gente que ama, mas não me animou. O novo jogo da EA Maxis me deixou curiosa por se parecer mais com as suas versões antigas do que com The Sims 3. Isso significa que não existem mais os espaços abertos e livres para serem explorados, na quarta versão do jogo voltamos para as telas de carregamento quando vamos a algum lugar diferente, embora as extensões estejam menores, os ambientes estão mais interativos.
Nesta versão os Sims apresentam mais emoções, seu humor muda constantemente e sofre influências do ambiente e até mesmo do ânimo de outros Sims. Essa disposição emocional afeta como eles completam as tarefas de seu dia a dia, eles podem estar inspirados ou confiantes e ter melhor desempenho ao cozinhar, por exemplo. O avatar muda conforme suas emoções, estando "paquerador"ele faz uma carinha safadinha, quando confiante estufa o peito, e assim por diante. Falando em "paquerador", se você não quiser um Sim taradinho, sempre a fim de fazer um "oba oba"com qualquer um, não coloque "romântico"como traço de sua personalidade.



Fazer amigos é uma tarefa difícil, é necessária muita interação entre os sims para que tenham uma amizade verdadeira. O bacana é que em The Sims 4 podemos ter interação em grupo, os personagens são multi tarefas, podem comer e conversar, e ainda assistir tv, isso possibilita que eles também possam conversar com mais de um Sim ao mesmo tempo. 
Todos estão comentando o fato do jogo ter excluído as piscinas e os bebês, ainda não tive a experiência de ter um filho, embora meus Sims queiram fazer um o tempo todo. Mas não vi a diversão diminuir por causa disso. O modo de construção está melhor, temos cômodos prontos para os que tem uma preguicinha de decorar ambientes, ou aos que não tem lá muita noção de espaço como eu - invejo muito os que conseguem construir mansões baseando-se unicamente em seu senso estético aprimorado.



Sendo um jogo de simulação da vida real, em The Sims 4 não podia faltar smartphones, eles já vem com o Sim. Através deles podemos jogar, contratar serviços, conversar com amigos, procurar emprego e muitas outras coisas. Inicialmente fiquei esperando o jornal chegar pra começar uma carreira, "demorou"muito (não existem jornais nessa versão), e então comprei um computador, mas como disse anteriormente, o celular tem essa opção.
Outra coisa bacana no game é a criação dos Sims, está super intuitiva, e podemos fazer o que quisermos com o corpo do personagem. Achei muito democrático, você pode ser gorda, magra, forte, ter nariz grande, pequeno, empinado, e o mesmo para o restante do rosto.



Enfim, essa foi minha experiência com The Sims 4 até agora, quando eu tiver um filho e uma casa mais apresentável, atualizo.